O vampirismo na “literatura mórmon” brasileira



Versão revisada e ampliada da apresentação Vampirism in the brazilian “mormon literature” proferida num inglês erradíssimo por Renan Apolônio Silva na Conferência da Association for Mormon Letters, em 23 de julho de 2022. A gravação do painel em que foi feita essa apresentação está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hHI-WB5tDgc 


1 - INTRODUÇÃO

Antes de mais nada, quero agradecer imensamente pela oportunidade de falar com vocês hoje e representar meus amigos da Associação Brasileira de Escritores Santos dos Últimos Dias, fundada recentemente, a quem tenho a honra de servir como primeiro presidente. E também preciso pedir desculpas por meu inglês - é a primeira vez que falo em inglês em público.

Quero começar comentando algo que James V. D’Arc disse no artigo The Mormon as Vampire [1], de que 2005 foi um ano centenário para os “mórmons nos filmes”, pois em 1905 foi lançado o filme A Trip to Salt Lake City, de Thomas Edison, primeiro filme de uma geração histórica de filmes sobre os “mórmons”, geralmente em tom satírico e/ou crítico, que inclui o filme Trapped by the Mormons, que está completando seu primeiro centenário este ano, 2022, adaptação às telas da novela The Love Story of a Mormon, de Winifred Graham, livro em que, como nos relata James V. D’Arc, um missionário mórmon é retratado com dons vampíricos que utiliza para disfarçar seu charlatanismo ao angariar conversos, especialmente uma jovem moça que pretende converter em sua segunda esposa.

Porém, 2005 não foi só o ano do centenário de estreia do “mormonismo” no cinema. 2005 também foi um ano muito importante para a “arte mórmon”, por ser o ano de lançamento do livro crepúsculo, primeiro de uma longa saga escrita por Stephenie Meyer, o que causou um fenômeno na literatura e na cultura pop mundial.

O vampirismo é um tema clássico na literatura de terror ocidental desde O Vampiro, de John Polidori, que inaugurou o gênero, em 1819. E nos últimos anos, tem se tornado evidente que a literatura de terror, incluindo a literatura vampírica, não é incompatível com a criação literária de escritores santos dos últimos dias. Na verdade, há grande compatibilidade entre o “mormonismo” e o “vampirismo”, e o que se pode observar é que cada vez mais santos tem se interessado pelo tema, em especial a partir da obra de Stephenie Meyer.

Esse fenômeno também está presente na “literatura mórmon” brasileira, uma vez que há certa produção literária de membros brasileiros da Igreja de Jesus Cristo envolvendo vampiros.

Embora a “literatura mórmon” não tenha no Brasil o mesmo peso histórico que outras tradições literárias produzidas por santos dos últimos dias, ela possui raízes fortes aqui, com conteúdos variados e de qualidade, inclusive na literatura gótica/vampírica.

De certa forma, o vínculo entre o “mormonismo” e o vampirismo no Brasil é muito antigo, remontando ao século XIX, antes de os primeiros membros da Igreja migrarem da Alemanha para este país sulamericano. De fato, Aluísio de Azevedo, grande escritor oitocentista, foi o primeiro autor brasileiro a mencionar, em prosa, tanto “os mórmons”, no Livro de uma Sogra, de 1895 (recheado de comentários “anti-mórmons”), quanto os vampiros, em A Mortalha de Alzira, de 1891.

Neste breve ensaio, irei concentrar-me em quatro escritores santos dos últimos dias brasileiros que já publicaram, entre outros temas, textos literários sobre vampiros. Todos eles são membros da Associação Brasileira de Escritores Santos dos Últimos Dias.*

Eu li suas obras (não só as que falam de vampiros), e conversei com cada um deles por e-mail e WhatsApp, onde perguntei sobre aspectos de suas obras, seu interesse pelo terror e pelo vampirismo, como se relaciona sua produção literária com o fato de serem membros da Igreja de Jesus Cristo, etc.

Espero ser fiel àquilo que li, pois é um tema que me é muito caro.

* Também devo reconhecer que há outros escritores santos dos últimos dias brasileiros que se dedicam a histórias de terror, e conversei com alguns desses escritores. Um deles me informou que, apesar de já ter escrito várias histórias de terror, não tem nenhuma sobre vampiros. Quando perguntei a ele se foi uma escolha consciente, ele me respondeu que sim, e que não queria falar sobre vampiros por ser um tema já muito explorado na literatura atualmente, e ele não se sentiria bem escrevendo mais um livro com esse tipo de personagem. Outro escritor, apesar de já ter escrito alguns contos sobre vampiros, ainda não os publicou, e me disse que, mesmo não gostando da saga crepúsculo em si gosta da forma como Stephenie Meyer adaptou criaturas com vampiros e lobisomens a um universo novo e compor uma história com uma identidade própria para eles.


2 - Christian David

Christian David, é um renomado escritor do sul do Brasil, que recentemente se tornou imortal. Mas não, não foi transformado em vampiro. Ele foi eleito para ocupar uma cadeira da Academia Rio-grandense de Letras, tornando-se um dos 40 membros dessa tradicional Academia literária.

Em 2007 publicou o conto Rinaldo, numa obra coletiva. Pouco depois, ele republicou o conto numa coletânea exclusivamente sua, com vários contos sobre terror e mistério. Ele também publicou um spin-off dessa história, Entrevista com Alice, texto de um só parágrafo, em 2009. Até onde tenho conhecimento, Christian é o primeiro autor santo dos últimos dias brasileiro a escrever sobre vampiros.

Rinaldo é um vampiro bastante tradicional, no estilo Conde Drácula, e que mantém certo parentesco com ele.

Não quero dar spoilers, mas a narrativa é feita em tom de missiva, onde o personagem-narrador, o jornalista Lauro Leal, conhece o vampiro Rinaldo por casualidade, e é convidado a sua mansão, onde descobre segredos do vampiro, e isso o atormentará pelo resto de sua vida.

Alice, protagonista e narradora do spin-off, é justamente a companheira do vampiro, que não foi transformada por ele, mas que mantém uma relação de paixão quase surreal com Rinaldo, a quem chama de “Meu odiado ser noturno. Meu amado vampiro.

Dos autores com quem conversei, Christian foi quem criou o vampiro mais tradicional, ou, como ele me disse, “classicão”,  sedutor, egoísta.

Rinaldo, ademais, vive um dilema comum aos vampiros: é imune à passagem do tempo. Mudam as pessoas, os valores, os costumes, mas o vampiro permanece o mesmo, e isso pode lhe causar certo sofrimento, como é o caso de Rinaldo, que aparentemente busca superar esse dilema ao encontrar uma companheira, humana, contudo.

Esse é, aliás, um segundo dilema, também comum em ficção vampírica: se é possível o amor entre humano e vampiro, ou se uma relação assim poderia sobreviver.

Na verdade, o dilema não é entre vampiro e humano, mas também entre humanos - pois todos os monstros são, na verdade, humanos caricaturados. Portanto, o que se discute é até que ponto um relacionamento entre pessoas desiguais pode ser saudável. Ou, se relacionamentos abusivos podem ser justificados por sentimentos de amor que as partes nutrem entre si.

Quando perguntei a Christian sobre a relação entre sua produção literária e sua posição como membro da Igreja, ele me deu respostas bem interessantes.

Ele acredita que sua participação na Igreja e o que aprende com o evangelho influenciam suas histórias, todas elas, mas principalmente de forma indireta e inconsciente (não proposital), pois é inevitável que as crenças do escritor sejam refletidas em suas criações literárias.


3 - Raphael Neves e Elaise Lima

Agora, irei fazer referência a dois autores em conjunto, porque acredito que suas histórias tem muito em comum.

A principal obra de Raphael é O Beijo do Vampiro (mesmo título de uma telenovela transmitida entre 2002 e 2003, que popularizou o vampirismo em nossa teledramaturgia). Já o principal livro de Elaise Lima é Cidade dos Vampiros, que tem uma série de continuações chamada Os Renascidos.

Como também quero evitar spoilers aqui, vou fazer comentários gerais sobre os dois livros.

Os dois livros envolvem um romance entre uma humana e um vampiro. Bem, ao menos no caso de Agatha e Erick, protagonistas de O Beijo do Vampiro, que são realmente humana e vampiro, até Agatha ser transformada por Erick. Por outro lado, em Cidade dos Vampiros a protagonista Stella não é apenas uma humana, e o protagonista Lamon não é apenas um vampiro, como aparentam ser no início da trama.

Ambos livros envolvem, além do romance, uma história de ação, uma guerra entre o bem e o mal. No caso dos vampiros de Raphael, a guerra é entre diferentes grupos de vampiros, em luta pelo poder, sendo que um lado defende que os vampiros devem conquistar o mundo e dominar os humanos, e outro defende que os vampiros se mantenham separados dos humanos.

Já no romance de Elaise, a luta é entre vampiros e anjos (chamados de nephilins no livro), uma luta provocada pelo rompimento de acordos entre os dois grupos, que mantinham uma paz relativa entre eles.

Em ambos casos, há cidades que servem de fortalezas para os vampiros; vilões que, mesmo sendo vampiros como os protagonistas, são a encarnação do mal, mas sem a sofisticação e o poder sedutor dos protagonistas; e heróis vampiros que escondem segredos que suas companheiras vão descobrindo aos poucos; elas, aliás, são muito poderosas e se desenvolvem rapidamente habilidades de luta e são fundamentais para a vitória de seus clãs.

É interessante notar que essas batalhas seguem um padrão, onde há uma luta entre “o bem e o mal”, a que Jeff Savage, autor de Dark Memories, fez referência em diálogo com Tristi Pinkston [2]:

“No terror, nós vemos histórias maravilhosas onde o bem triunfa sobre o mal. Embora haja histórias que terminam com escuridão e amargura, grande parte das histórias de terror são redentoras. Vemos a luz triunfar sobre a escuridão, o bem luta contra o mal e vence. Nós aprendemos que enquanto há coisas ruins por aí afora que são muito poderosas, o bem pode triunfar sobre elas. O mundo está cheio de monstros, e muitos deles andam em duas patas. Mas quando transformamos esses monstros em fantasmas, ou vampiros, ou demônios, ou o que quer que seja, ainda estamos ensinando a mensagem que eles podem ser vencidos pela honra, virtude e amor.”

Mostrei essa citação de Jeff Savages aos autores, e eles confirmam que histórias de terror podem dar lições de triunfo do bem sobre o mal. Raphael Neves, inclusive, comentou que “o terror apesar de criar monstros e seres sobrenaturais, também revela e de certo ponto de vista denuncia o verdadeiro mal.”

Essa visão, no entanto, não é compartilhada por muitos membros da Igreja, que tendem a criticar outros membros que escrevem histórias de terror, mas o problema é uma falsa compreensão da função literária do terror - em parte, explicada acima, de expor um mal fictício e denunciar um mal real.


4 - O Vampiro Mórmon

O quarto autor sou eu mesmo.

Em 2020, escrevi o conto O Vampiro Mórmon, e também administro um blog dedicado à saga crepúsculo, de Stephenie Meyer, com dois amigos meus.

No conto, narro um curioso encontro entre um vampiro (membro de uma tradicional linhagem de vampiros do fictício país centro-europeu de Etem) e um membro da Igreja, que seria o primeiro “mórmon” desse país. O resultado do encontro é macabro, e o final é surpreendente.

Nessa história, o vampiro é movido pela curiosidade. Não por sede de poder, nem por sede de sangue, mas por sede de conhecimento. Sua curiosidade pela religião que ele chama de “mórmon” é o motor da trama, e o leva a consequências bastante extremas.

Essa inclusive é a razão pela qual uso o termo “mórmon” para referir-me a esse vampiro.

Ao escrever a história, eu queria pensar sobre se seria possível um universo em que o vampirismo e o evangelho restaurado existissem. E se seria possível que um membro da Igreja se convertesse em vampiro, ou se um vampiro se transformasse em membro da Igreja. O engraçado é que, nenhuma nem outra coisa aconteceu, ao menos não literalmente. Então, o vampiro da história não é um santo dos últimos dias, nem se torna efetivamente um membro da Igreja. Então, por falta de um nome melhor para ele, o chamei de “vampiro mórmon”.

Em meu caso, não recebi nenhuma crítica por escrever essa história, até porque as pessoas que me conhecem já sabem que sou aficionado por vampiros, e algumas até acharam engraçado o fato de eu conseguir unir duas coisas que eu gosto: os vampiros e a Igreja.


5 - Stephenie Meyer e os escritores brasileiros

Agora, quero comentar um pouco sobre Stephenie Meyer e sua relação com o fenômeno do vampirismo, e o impacto disso na “literatura mórmon” brasileira.

Tristi Pinkston, no artigo já mencionado, diz que “algumas das melhores histórias de terror atuais são escritas por autores santos dos últimos dias”. Entre esses autores, acredito que com certeza deve estar Stephenie, apesar de não ser citada no artigo de Pinkston. De fato, Stephenie Meyer é pouco lembrada como uma “autora mórmon”, talvez por ela mesma negar que escreva para esse público específico, e afirmar que não inclui “mensagens mórmons” em seus escritos de forma proposital.

Porém, a verdade é que a literatura de Stephenie traz uma nova mitologia sobre os vampiros - sua natureza, poderes, defeitos, e também um novo choque entre a fé “mórmon” e temas sobrenaturais, sombrios, quase demoníacos, como o protagonista Edward Cullen diria. Tudo isso com referências implícitas à “doutrina mórmon” espalhadas por toda parte - envolvendo temas que vão desde a Palavra de Sabedoria à Segunda Vinda, e referências à Mãe Celestial.

Conversando com os autores citados, pude confirmar uma ideia inicial que eu tinha: Stephenie Meyer representa um certo marco, uma referência, mais distante ou menos, mais direta ou menos, sobre todos os escritores santos dos últimos dias, em especial sobre aqueles que escrevem sobre vampiros.

Primeiro, por ter trazido os vampiros à moda mais uma vez. Christian, por exemplo, foi motivado a escrever porque o tema estava muito em voga no final da década de 2000, e havia uma editora procurando por contos com essa temática.

Todos os quatro escritores que menciono aqui, contudo, não copiaram o modelo de vampiro de Stephenie. Cada autor criou vampiros com poderes, fraquezas, e interesses diferentes.

Mas, exceto por mim, todos os outros três autores tem histórias de amor, envolvendo mortal e imortal, assim como os personagens de Stephenie, Edward e Bella. E, no caso dos romances de Raphael e Elaise, também há uma luta entre bem e mal, entre clãs diferentes de vampiros.

Também tem, esses dois romances, protagonistas femininas fortes, assim como na saga crepúsculo. Stella, Agatha e Bella são transformadas em vampiras através de seus companheiros, e apresentam poderes sobrenaturais que, como eu disse antes, são fundamentais para a vitória de seus clãs.

Então, Stephenie Meyer, mesmo não sendo um modelo a ser seguido, é uma influência e referência comum e geral entre os escritores de vampiros em todo o mundo, e os membros da Igreja brasileiros não estão imunes a seu poder.


6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de tudo o que falei, o que podemos esperar da literatura mórmon brasileira?

Quero fazer referência a algo que Orson F. Whitney disse antes de seu chamado ao apostolado, mencionado por Eugene England no ensaio que foi disponibilizado como marco teórico desta Conferência: “Ainda teremos Miltons e Shakespeares próprios... Em nome de Deus e com sua ajuda, construiremos uma literatura cujo topo tocará o céu, embora seus fundamentos possam agora estar baixos na terra.[3]

Eu quero dizer que não sei se já temos um Milton ou um Shakespeare, e nem sei se algum dia isso vai acontecer. Mas sei que aqui no Brasil, já temos alguns Bram Stoker, algumas Mary Shelley, alguns Edgar Allan Poe, alguns John Polidori. Também não sei se nossa literatura, dos mórmons lusófonos do Sul, já toca os céus, ou se um dia o fará, mas estou seguro de que tem raízes bem firmes, abaixo da terra.

Por isso, posso afirmar que, mesmo cem anos depois do lançamento do filme Trapped by the Mormons, e mais de um século depois de os mórmons e os vampiros serem mencionados pela primeira vez na literatura brasileira, o vínculo entre mormonismo e vampirismo segue quente nas veias literárias do Brasil.

Sei que Stephenie Meyer, inconsciente dos possíveis resultados de suas aventuras literárias, tem sido uma influência, direta ou indireta, no ressurgir de um novo vampirismo, e do “vampirismo mórmon”, inclusive no Brasil.

E sei que a “literatura mórmon” sobre vampiros pode florescer em qualquer solo, mesmo no Brasil. Mas, felizmente, aqui os vampiros não brilham como cristais - até porque não seria possível para eles se esconderem por muitas horas sob o sol brasileiro.




NOTAS

[1] D’ARC, James V. The Mormon as Vampire: A Comparative Study of Winifred Graham's The Love Story of a Mormon, the Film Trapped by the Mormons, and Bram Stoker's Dracula. In: BYU Studies 46, nº 2, 2007. Disponível em: https://byustudies.byu.edu/article/the-mormon-as-vampire-a-comparative-study-of-winifred-grahams-the-love-story-of-a-mormon-the-film-trapped-by-the-mormons-and-bram-stokers-dracula/ 

[2] PINKSTON, Tristi. LDS Authors and Horror-Contradiction or Natural Fit? (Meridian Magazine, August 8, 2013. Disponível em: https://latterdaysaintmag.com/article-1-13089/ 

[3] ENGLAND, Eugene. Mormon Literature: Progress and Prospects. IN: Irreantum. Autumn 2001, v.3, n. 3, pp 67-93. Disponível em: https://irreantum.associationmormonletters.org/archives/irreantum-volume-3-no-3-autumn-2001/ 


LIVROS MENCIONADOS

O conto Rinaldo, de Christian David, encontra-se no livro O Filho do Açougueiro, disponível para compra em: https://www.amazon.com.br/a%C3%A7ougueiro-outros-contos-terror-fantasia/dp/8599275771/ 

O livro O Beijo do Vampiro, de Raphael Neves, pode ser adquirido na Amazon: https://www.amazon.com.br/Beijo-do-Vampiro-Raphael-Neves-ebook/dp/B08LYYYBB6/ 

O livro Cidade dos Vampiros, de Elaise Lima, pode ser adquirido na Amazon: https://www.amazon.com.br/Cidade-Vampiros-%C3%9Anico-Elaise-Lima-ebook/dp/B08XBSGN41 

O conto O Vampiro Mórmon, de minha autoria, pode ser lido gratuitamente na coletânea Contos e Poemas Assombrosos vol.5, páginas 57-62. Disponível em: https://www.fabricadeebooks.com.br/contos_e_poemas_assombrosos_5.pdf 


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