Resenha - a sedução do crepúsculo


O livro de Dave Roberts, a sedução do crepúsculo, foi publicado em 2010. O título original, em inglês, é The Twilight Gospel, algo como “O Evangelho de Crepúsculo”. O li em 2021, em menos de um mês. 

É um livro muito interessante, mas com vários pontos falhos, e que se dedica a fazer o leitor acreditar que Stephenie Meyer não é uma boa influência para os jovens, por supostamente ensinar uma falsa moral e ensinar que é possível uma realidade além da bíblica (acho que ele não sabe o que significa a palavra ficção). O autor entra com superficialidade em temas que exigiriam reflexões mais profundas (e não necessariamente longas), como o livre-arbítrio, a sexualidade, a relação dos jovens com os pais, etc.

Além disso, o autor faz questão de dizer o tempo todo que é cristão, e seguidor de uma tradição cristã, mas em momento algum diz a que denominação religiosa pertence (mas percebe-se que é uma suposta tradição que remonta aos primeiros tempos apostólicos e que foi passada de uma geração não apostólica a outra, através dos séculos até o presente). Seria apenas um lapso, ou uma estratégia para conseguir a maior quantidade possível de leitores cristãos?

Ele cita a crença religiosa de Stephenie Meyer, autora da saga crepúsculo, mas não diz a sua. E menciona apenas duas vezes o fato de ela ser “mórmon” (termo incorreto para referir-se aos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), sem jamais comentar as crenças de Stephenie e da Igreja da qual ela faz parte, que em geral não se confundem com as tradições católicas ou protestantes. E isso é um grande problema para um livro que pretende fazer uma avaliação de temas teológicos/espirituais.

Por fim, parece que o autor não teve a menor preocupação em ler os livros em que Stephenie acredita (além da Bíblia, claro), ou ler qualquer coisa a respeito da autora da saga. Apenas compara supostas ideias espirituais presentes crepúsculo com o ocultismo de “O Código Da Vinci” - uma falta grave para com o leitor, que termina sem ter uma base sólida para entender as questões religiosas implicadas na saga. E ainda cita o manuscrito impublicado e vazado de sol da meia-noite!

Apesar disso, o livro parece interessante, mesmo tendo sido escrito apenas para apedrejar farisaicamente Stephenie Meyer e sua obra.




Texto de Renan Apolônio

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