Todos os títulos da saga crepúsculo que vimos até agora são retirados de metáforas sobre a vida de Bella — o “crepúsculo de sua vida”, como disse Edward no início da saga; “uma lua nova”, como Bella descreveu o momento em que sentiu o abandono de Edward; o “eclipse” que seria a vida de Bella dividida entre Jacob e Edward; o “amanhecer da imortalidade” de Bella.
Sol da meia-noite, porém, é diferente. Se refere à vida de Edward. Nos títulos anteriores, as palavras escolhidas refletem mudanças na vida de Bella. Em sol da meia-noite, a mudança é na vida de Edward.
No livro, enquanto ele observa Bella dormindo, seus pensamentos nos revelam a mudança que ocorreu dentro dele, em frações de segundo como Stephenie Meyer gosta de dizer.
Ao ouvir Bella pronunciar seu nome em sonhos, ele pensa no que sente, e na transformação que ocorre em seu ser ao descobrir que ela o ama. O amor de Bella é tão poderoso que consegue transformar esse vampiro.
O trecho a seguir encontra-se nas páginas 124 e 125, e não precisa de mais comentários:
Ela estava sonhando comigo, e nem era um pesadelo. Queria que eu ficasse com ela, lá no sonho.
Esforcei-me para nomear os sentimentos que me invadiram, mas não havia palavras fortes o suficiente para contê-los. Por um longo instante, mergulhei neles.
Quando emergi, não era o mesmo homem de antes.
Minha vida era uma meia-noite constante e interminável. Por necessidade, sempre seria meia-noite para mim. Então, como era possível que o sol estivesse raiando em meio à minha meia-noite?
Na época em que me tornei vampiro, ao trocar minha alma e mortalidade pela imortalidade na dor lancinante da transformação, eu realmente tinha sido congelado. Meu corpo se tornara algo mais próximo da pedra do que da carne, permanente e imutável. Meu ser também tinha sido congelado — minha personalidade, preferências e aversões, humores e desejos; tudo se tornara inaltevável.
O mesmo ocorreu com os outros membros da minha família. Éramos todos imutáveis. Como pedras vivas.
Quando uma mudança acontecia para um de nós, tratava-se de uma coisa perene e rara. Vi acontecer com Carlisle, e uma década depois com Rosalie. O amor os transformara de maneira eterna, de forma que nunca desvaneceria. Mais de oitenta anos haviam se passado desde que Carlisle encontrara Esme, e ele ainda a fitava com o olhar incrédulo do primeiro amor. Sempre seria assim para eles.
Sempre seria assim para mim também. Eu sempre amaria aquela frágil garota humana, pelo resto da minha existência sem fim.
Texto de José Hermontes
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