O Crepúsculo da Beleza
Olavo Bilac
Vê-se no espelho; e vê, pela janela,
A dolorosa angústia vespertina:
Pálido, morre o sol... Mas, ai! termina
Outra tarde mais triste, dentro dela;
Outra queda mais funda lhe revela
O aço feroz, e o horror de outra ruína:
Rouba-lhe a idade, pérfida e assassina,
Mais do que a vida, o orgulho de ser bela!
Fios de prata... Rugas... O desgosto
Enche-a de sombras, como a sufocá-la
Numa noite que aí vem... E no seu rosto
Uma lágrima trêmula resvala,
Trêmula, a cintilar, - como, ao sol posto,
Uma primeira estrela em céu de opala.
Postado por Perla
Belíssimo...grata pela seleção desse poema de Olavo, não conhecia. Como alguém que chegou aos 40, começamos a refletir nesses sinais físicos de que estamos dobrando o "Cabo da Boa Esperança".
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